Prática israelense de reuso da água é tema de painel do 8º Fórum Mundial da Água

2Como um país que é desértico em grande parte, com apenas dois dias de chuva por ano, e escasso em recursos naturais, pode garantir abastecimento de água para 8,5 milhões de pessoas? A história de Israel, que possui 69 anos de existência e uma extensão equiparada à de Sergipe, revelou a experiência de uma região que transformou o desafio de garantir a disponibilidade hídrica em ganho ambiental. 

O tema foi apresentado no painel “Preparativos para o 8º Fórum Mundial da Água: compartilhando caminhos para Brasília 2018”, realizado nesta terça-feira (11), durante o Fórum Brasil de Gestão Ambiental (FBGA), em Campinas (SP).  A experiência de Israel será uma das práticas internacionais exitosas que serão levadas ao 8º Fórum Mundial da Água, que acontecerá de 18 a 23 de março de 2018.

Como o país tem uma distribuição não uniforme de água, Mekorot Alon, gerente da unidade de produção de águas da Galileia (uma região no norte de Israel), afirmou que a solução foi criar uma lei, em 1955, estabelecendo que toda a água disponibilizada deveria ser medida. Dois anos depois, em 1957, foi sancionada outra lei, afirmando que todas as fontes de água seriam de propriedade do Estado.

Mekorot apontou as principais ações realizadas na região para aproveitar melhor a água. "Tivemos a ideia de recarregar os aquíferos durante o inverno, de fazer reuso da água e cavar poços na maior profundidade possível, desde que houvesse água presente. Por fim, fizemos a dessalinização, que é hoje nossa principal fonte de água. 55% dos israelenses bebem água dessalinizada", destacou. Ele também contou como o país faz para utilizar 80% dos afluentes. "Captamos todo o esgoto de Tel Aviv [capital de Israel] e levamos ao deserto para tratamento. É a única forma de abastecer a população", ressaltou.

Durante a apresentação, Malu Ribeiro, jornalista da Fundação SOS Mata Atlântica, questionou como seria possível adaptar a experiência de Israel, cuja gestão de água possui caráter nacional, ao panorama brasileiro, que conta com múltiplos usos da água por diversos segmentos. Boaz Albaranes, cônsul da Missão Econômica de Israel em São Paulo, respondeu de forma bem descontraída: "Talvez a saída para o Brasil seja 'tropicalizar' a experiência de Israel".

 

*Reproduzido de http://www.worldwaterforum8.org